Textos declamados por Christiane Torloni em peça foram inspirados em "laboratório humano"

setembro 12, 2012


Na encenação “Teu Corpo é Meu Texto”, a atriz Christiane Torloni declama textos feitos pelo ex-garçom Eduardo Ruiz. Ex-estudante de Artes Cênicas da USP, Ruiz procurou na profissão uma forma de sobrevivência, mas nela encontrou também inspiração para escrever.

“[Ser garçom] ensina muito, é muito cansativo e enlouquecedor. Você fica lidando com público o tempo todo. É um laboratório humano. Eu sempre trabalhei com as criaturas noturnas de São Paulo", conta.

A peça reestreou em São Paulo na terça (4) e conta com Torloni no papel da deusa Sarasvati, que invoca os seres humanos a levantarem do chão e a partirem para um sonho através da dança.

Torloni interpreta boleros que representam as paixões rasgadas, passando de braço em braço pelos dançarinos. “E no final pede a calma, dizendo que tudo o que judia o ser humano, os pensamentos impuros, vai passar, porque a gente vai ter a gentileza de nos superar”, conclui Ruiz.

Para Ruiz, a peça é sobre a criação do homem e como ele se sustenta só na arte, “porque no final o que sobra é a arte”. “É como se a deusa criasse os seres humanos, aí surgem o amor e as coisas mais terrenas, eles passassem pela feira das paixões, e depois Sarasvati acalmasse todos. Ela sugere que a humanidade se cure através da arte, que é um presente que dá para eles, a única coisa imortal.”

Parte dos textos declamados pela atriz já estavam escritos antes da ideia para a cenografia surgir – e parte deles, inclusive, está no livro recém-lançado de Ruiz, “Violenta”. Mas os do início e os do meio – que o dramaturgo diz serem os mais difíceis – foram criados em meio aos ensaios e às indicações do coreógrafo Anselmo Zolla e do diretor José Possi Neto.

Ruiz conta que viu o espetáculo inteiro nascer. “Eu fui me envolvendo com aquilo, teve uma hora em que eu queria dançar também. (risos) É uma delícia aquilo! Mas eles são muito bons, aí você fala, meu Deus, não, não vou pagar esse mico.”

O final da encenação conta inclusive com uma homenagem a nomes consagrados da dança como a americana Marta Graham e o ucraniano Vaslav Nijinsky.

Segundo Ruiz, Torloni gostou tanto da parceria que, para o ano que vem, um “melodrama puxado para comédia” já está programado. “A ‘coisa’ se passa num café teatro onde tudo é possível, e vamos abordar também um pouco do universo da música brega”, promete o ex-garçom.

Fonte: UOL

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