Entrevista com Christiane Torloni: " A sociedade está mais careta"
outubro 20, 2010Peça "A Loba de Ray-Ban", que trata temas polêmicos como a bissexualidade irá a São José dos Campos
Márcio Rodrigues,
em São José dos Campos
em São José dos Campos
Inúmeros trabalhos em televisão, cinema e teatro fazem de Christiane Torloni referência nos palcos e nas telas brasileiras. A atriz paulistana, de 53 anos (com 35 anos de carreira), vem a São José dos Campos neste fim de semana para apresentar a peça “A Loba de Ray-Ban”, grande sucesso da década de 80, que voltou aos palcos brasileiros.
O mais curioso é que Torloni participou da primeira montagem da peça. Na primeira montagem, em " Lobo de Ray-Ban", a atriz ganhou reconhecimento no teatro ao lado de Raul Cortez.
Um triângulo amoroso envolvia um célebre ator, sua ex-mulher e o jovem amante dele. Agora, a personagem Júlia Ferraz salta de ex-esposa para protagonista. Abandonada por Paulo (o ator Leonardo Franco), Júlia se apaixona pela atriz iniciante Fernanda (Maria Maya).
A atriz revela que Raul Cortez, que consagrou a peça, ainda aparece durante o espetáculo. “Ele é presença forte na peça. Inclusive, em uma das cenas que se passa no camarim da atriz, pedi para colocarem uma foto dele no cenário”, comenta.
A peça está em turnê há um ano e ela conta que a experiência tem sido muito gratificante. "A Loba de Ray-Ban" já passou por Caraguatatuba e agradou a atriz. “As pessoas saem animadas, assim como nós, atores. Estamos percorrendo o país inteiro e o resultado tem sido muito bom. O teatro de Caraguatatuba é incrível”.
Muito ativa nas questões políticas e ambientais - a atriz foi personagem importante nas Diretas Já -, Torloni achou positiva a entrada de Marina Silva, na disputa presidencial. "Ela foi a presença do Meio Ambiente na discussão. Ela saiu e não se toca mais no assunto", reclamou.
O VNews conversou, por telefone, com a atriz nesta quarta-feira (20). Veja os principais trechos da entrevista:
Preconceito
"Do fundo do coração, apesar dos avanços que tivemos, as pessoas estão mais caretas. São Paulo, por exemplo, organiza uma Parada Gay para mais de 3 milhões, e às vezes, não tem essa abertura. A própria questão da Aids ajudou nessa regressão do pensamento das pessoas"
Peça
"O texto tem uma diferença nessa nova montagem. Os homens são mais cínicos, debochados com a própria dor e a mulher, não, é mais hemorrágica. Em relação à peça, não me lembro de uma peça que tenha montagem masculina e feminina como personagem principal, e isso é muito bom para a dramaturgia"
Eleições
"A entrada da Marina foi importante. Ela foi a presença do Meio Ambiente na discussão. Ela saiu e não se toca mais no assunto. Não se vê nenhuma proposta nessa questão, que vai ditar nosso destino. Os dois candidatos estão se esquecendo de temas graves".
Controle da mídia
"Um tema importante é o controle que estão querendo criar. Se caso esse governo tiver continuidade, estão preparando essa agência de fiscalização. Além das questões básicas, ambientais, tem a questão do próprio direito à liberdade".
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