Christiane Torloni em defesa da floresta
dezembro 27, 2007Durante passeio pelo Jardim Botânico , no Rio de janeiro, a convite da Contigo !, atriz se emociona ao reconhecer árvores centenárias e fala sobre o movimento Amazônia para Sempre , que ajudou a criar
Christiane Torloni, 50 anos, é uma cidadã engajada. Foi musa das Diretas Já!, em 1984, como diz “ viajou o Oiapoque ao Chuí ” reivindicando por eleições presidenciais diretas no Brasil. No dia-a-dia, é capaz de parar o carro e gritar “ Seu porco!” para quem joga lixo pela janela. “E já joguei muita coisa de volta para dentro do carro”, confessa aos risos. Agora, desde o início do ano, está mergulhada no movimento Amazônia para Sempre, que lançou em 2 de janeiro com os atores Victor Fasano, 49 anos, e Juca de Oliveira, 72. O grupo escreveu uma carta com o pedido de que seja cumprida a lei que assegura a preservação da região e recolhe assinaturas pelo Brasil e no site www.amazôniaparasempre.com.br para que , assim cheguem a 1 milhão – até agora já são quase 600 mil - , ela seja encaminhada ao presidente da República. “Para que a carta se transforme em um instrumento público, com poder de legitimidade, temos de ter um milhão de assinaturas brasileiras. Com isso, pode-se propor uma lei, uma medida provisória, até mesmo processar o Estado. Temos a meta do 1 milhão, mas não um prazo. Estamos indo bem, agora só faltam 400 mil”, avalia Torloni enquanto passeava pela Região Amazônica do Jardim Botânico do Rio.
O projeto faz tanto sucesso no boca boca que eles ganharam vários parceiros. “Nós não somos uma ONG, não estamos ligados a nenhum partido político e não recebemos doações financeiras. Mas temos aliados. Um muito bacana é a Universidade Estácio de Sá, que vai fazer, pela segunda vez, o vestibular Amazônia para Sempre. Quem assina não paga taxa de inscrição. Outro é a Metro Goldwyn Mayer, que nos deu espaço de 30 segundos em cinemas de 18 países da América Latina, o Brasil inclusive, e Portugal. A loja Alberta e o salão Crystal Hair montaram um nicho de recolhimento de assinaturas, a Estação do Corpo fez uma semana Zen, o colégio Vicentino, de São Paulo, recolheu 22 mil assinaturas. Enfim, muita gente se oferece para ajudar “, conta a atriz, que, em seguida, atendeu uma ligação de mais um voluntário.
Mãe da floresta
Mal acabou de falar, Torloni avistou uma árvore de tronco larguíssimo e imensas raízes e ficou intrigada. “Acho que é uma sumaúma, sabia? “, diz. Lá foi ela, no meio da lama, conferir a placa com o nome da planta. E deu uma gargalhada de felicidade. “Tô ficando boa nisso! Reconheci você garota. Coisa linda, gostosa”, comemorou, conversando com a árvore. Sim, ela fala com as plantas e “tudo o que é vivo”. “ A sumaúma é chamada de ‘mãe da floresta’. É uma das árvores mais importantes da Amazônia. Ai, até me arrepio. Quando criamos o movimento, dizíamos que Victor era a castanheira, Juca a seringueira , e eu a sumaúma”, revela.
Após os afagos às árvore, Torloni viu outra toda riscada e não agüentou. “ Só um filho da p... para fazer uma coisa dessa". E continuou desabafando sobre o que a motivou a criar mo manifesto. “ Lá no final, a gente escreveu o seguinte: ‘ é hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história’. O Brasil tem o nome de uma árvore ( o pau-brasil), a gente não pode esquecer disso! Não é só a Amazônia, o Brasil tem de ser preservado. E cada um pode fazer um pouco, começando dentro de casa. "Neste mundo globalizado, chegou-se a um momento em que cada um faz a diferença”, alerta.
A atriz confessou que à vezes até chora ao ver como o homem descuida do planeta – como quando viu a notícia de que o governo aprovou sacrificar garças em Fernando de Noronha por atrapalharem os aviões. “Vou te dizer, o ser humano tem de terminar antes do planeta ou não vai sobrar nada”, protesta. E em meio a tanto trabalho pelo verde, ela ainda grava a próxima novela das 7 , Beleza Pura, em que viverá a poderosa Sônia Amarante , e pré-produz a peça A Loba de Ray-ban, que deve estrear no segundo semestre.
Como tudo começou!
Foi durante as gravações da minissérie Amazônia, de Glória Perez, no início do ano, que Christiane Torloni resolveu fazer algo pela região. “Fui á Amazônia pela primeira vez na época das Diretas Já!. E aquela Amazônia não existe mais. Já são 17% a menos de floresta”, diz a atriz. Na época da minissérie, Torloni ficou hospedada em Rio Branco, no Acre, e se impressionou por só ver fumaça para todo o lado. “Até 2h, 3h da tarde, a gente não via o sol por causa das queimadas. Vi isso um dia, dois dias, semanas! Temos que parar imediatamente com as queimadas por causa da emissão de gases que causam o aquecimento global. Já somos o quarto país do mundo em poluição e caminhamos para ser o terceiro!” E continua: “ Quando fomos a Xapuri, a 300 quilômetros, de Rio Branco, as árvores pareciam escultura de (frans) Krajcberg ( artista plástico, em cuja obra, inspirada especialmente na floresta amazônica, esculturas são feitas com troncos de árvores mortas).Acho um desperdício o Exército não atuar para impedir o corte e o transporte ilegal da madeira. É uma questão de segurança nacional ."
Fonte : revista Contigo!, planeta sustentável.
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