Christiane Torloni foi aluna de Chico Alencar
julho 28, 2008AO MESTRE, COM CARINHO...
Em 20 anos, candidato formou elite carioca e deu aula na rede pública
Na primeira fila, Christiane Torloni debruçava-se sobre anotações. Sílvia Severo Buarque de Holanda apreciava discos de Milton Nascimento. Já Marcos Palmeira estava mais para o futebol do que para o estudo – o que não o impediu de viajar para o Pará, onde, graças ao incentivo de professores, morou entre índios de tribo recém-descoberta. Oriundos de centros de ensino diferentes, no Rio da segunda metade dos anos 70 e início dos 80, as reminiscências dos atores se cruzam na forma como o então professor Chico Alencar conduzia suas aulas.
– Ele era um pouco como o professor (personagem de Robin Williams) no filme Sociedade dos poetas mortos – compara Christiane, 51, aluna de História do Brasil de Alencar, no pré-vestibular do Colégio Andrews. – A aula começava na sala e terminava na padaria, com alunos ansiosos para saber mais.
Na primeira metade da década de 80, o Brasil vivia abertura da ditadura militar. No Rio, colégios como São Vicente de Paulo, Andrews e Santo Inácio, na Zona Sul, assumiam posição progressista.
Ex-aluna do Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat) – que ainda chamava-se Pueri Domus – Sílvia, 39, lembra que a instituição era politizada. Assuntos como luta sindical do líder operário Luis Inácio Lula da Silva e greves no ABC, em SP, eram trazidos para sala de aula.
Na época com 12 anos, a filha do músico e compositor Chico Buarque e da atriz Marieta Severo foi da turma de Orientação Social e Política Brasileira de Alencar.
– A escola tinha tônica progressista, no sentido moral e cívico. Chico era bastante representativo desse meio – relata a atriz, cujas irmãs Helena e Luísa também estudaram no Ceat. – Ele trazia discos do Milton Nascimento para as aulas.
Formado em História na Universidade Federal Fluminense, e mestre em Educação pela Fundação Getúlio Vargas, o candidato à prefeitura pelo PSOL lecionou por mais de duas décadas em cursos e colégios da rede pública e particular.
Palmeira, 44, dividia tempo de estudo no São Vicente com trabalho no Museu do Índio. Convidado a integrar a Frente de Atração Arara, em viagem ao Pará, contou com conselho de Alencar, além de outros professores, para tomar decisão.
– Chico fazia questão de exercitar a consciência do aluno como cidadão – pontuou o ator, aluno de Alencar no 2º grau, que se disse dividido para a eleição. – Simpatizo com Jandira e Gabeira, também meus amigos. Acompanharei as campanhas antes de definir o voto.
Por Fred Raposo, Jornal do Brasil, 10 de julho de 2008
Fotos _montagem: comunidade Torloni Star
Fotos _montagem: comunidade Torloni Star
3 Comments